quarta-feira, 18 de julho de 2012

A BÍBLIA E SUAS LEITURAS

Para nós, católicos, faz parte do ser Igreja de Cristo. Aceitamos os 21 Concílios Ecumênicos que já tivemos; o último deles acontecido entre l962 e l965. Aceitamos a Bíblia, a Tradição e suas interpretações feitas pelos bispos reunidos.

Os ortodoxos aceitam 7 concílios. A partir da separação no século XI, firmam-se nos seus sínodos. Para os evangélicos já é mais difícil. Cada Igreja que se intitula evangélica segue, com sua visão, a corrente cristã de muitos elos que se define como evangelismo. Apoiam-se em sínodos e conferências. Mas algumas delas aceitam os 4 primeiros concílios ecumênicos. A maioria das igrejas da corrente pentecostal firma-se na Bíblia e não reconhece nenhum concílio.

Assim, você, católico, encontrará evangélicos que aceitam algumas doutrinas em comum com os católicos, por exemplo, definições do Concílio de Nicéia. Aceitam nosso Credo porque subscrevem o texto Neceno-constantinopolitano. Não mais! Como as divisões aconteceram por divergência com os bispos e com o Papa é natural que não aceitem suas decisões nem suas definições. Ouvem os seus bispos e líderes.

Nós, católicos afirmamos que o nome “cristão” vem desde o século I na igreja de Antioquia,(At 11,26) e que a palavra “católico” veio com Santo Inácio de Antioquia, que usou pela primeira vez o termo “católico”, por volta dos anos 102-105. Mais tarde vieram os termos evangélico, protestante, pentecostal e outros nomes para designar correntes de cristianismo e igrejas não católicas. O nome “ortodoxo” passou a significar, para as igrejas orientais, uma volta às origens da fé cristã.

Foram dissensões e rompimentos dolorosos. Os concílios ecumênicos em geral foram fruto da necessidade de dialogar e unir, de corrigir conceitos ou de atualizar doutrinas e pastorais. Sem conhecer os fatos, os conflitos, as situações insanáveis que deram origem a movimentos, igrejas e catequeses diferentes da nossa corremos o risco de julgar superficialmente os irmãos de outras igrejas. Sem conhecer nossa história e nossos porquês, correm eles o mesmo risco. Cairemos no clichê e no preconceito que lá, bem no fundo, classifica de mau e desqualifica tudo o que não soa do nosso jeito.

Há hoje um esforço fraterno por parte das igrejas em ver os valores dos concílios, das conferências, dos sínodos de cada igreja e caminhar juntos naquilo que nos é comum. O Concílio Vaticano II foi muito claro a esse respeito: o papa e os bispos católicos querem diálogo e professam seu respeito por outras confissões de fé. Mas o mesmo se lê nos documentos de igrejas cristãs reunidas em sínodos e conferências: Lambeth, por exemplo. Há igrejas que aceitam normas e declarações de fé e há igrejas livres que se recusam a aceitar qualquer declaração formal de fé. Por essa razão não recitam conosco o Credo e, em alguns casos, nem o Pai Nosso.

Nosso magno problema não são as Escrituras e, sim, suas leituras. Um não aceita a leitura do outro e suas conclusões. Sendo concílios, sínodos e conferências uma espécie de leitura atualizada entende-se o conflito. Por enquanto, orar ajuda. Pelo menos já estamos lendo-nos e ouvindo-nos…


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