domingo, 29 de julho de 2012

CAIXOTES, CASINHAS E BARRACÕES

Passei pelo CEASA e vi os caixotes amontoados, um em cima do outro. Passei por três favelas e vi casinhas amontoadas, uma em cima da outra, geminadas, espremidas.

Morei em periferia, mas havia mais espaço. Fico imaginando como é morar nessas favelas onde praticamente não há ruas e onde as casas se grudam umas às outras e os espaços são exíguos. Ali quase não há silencio. Ouve-se tudo o que o vizinho fala, sabe-se mais do que se deveria saber sobre a outra família, não há privacidade.

Alguns moram lá porque querem, mas muitos, se pudessem conseguir um terreno e um espaço maior é isto que fariam. Nada contra os vizinhos, até porque há muitos bons vizinhos espremidos, oprimidos, mas solidários. Mas gostariam de mais espaço, para que a filha tivesse um quartinho só dela, o filho tivesse um lugar maior para sentar e estudar, o pai tivesse o seu pequeno espaço para as coisas que ele gosta de ter em casa e a mãe tivesse um pouquinho mais de sossego para aquela poltrona. E a poltrona ela não tem porque não cabe em lugar nenhum.

Não é e nem nunca foi fácil morar quando se é pobre. Aqueles caixotes e engradados, um em cima do outro, têm mais espaço do que algumas daquelas casas de favelas. Pelo menos alguém os colocou em ordem e as casas são construídas do jeito que vêm. Como o dinheiro não entra, não há planejamento.

Alguns deles nem se perguntam sobre onde morar. Não se imaginam saindo de lá tão cedo. Já é sorte poder ter um telhado por sobre a cabeça. O Brasil teria dinheiro, se quisesse erradicar as favelas em cinquenta anos, mas a moradia não é prioridade para muitos governos. Com uma população que envelhece rapidamente e que tem muitas enfermidades, por certo, o dinheiro terá que ir para a saúde, para as escolas e para aposentadoria e só depois para a habitação.

Resultado, vai demorar séculos até que a maioria dos brasileiros morem bem. Foi assim na Europa, é assim no mundo inteiro. Mas há que haver vontade política! Coisa que no Brasil com partidos indefinidos, governos que passam de uma ideologia para outra sem verdadeira representatividade, não parece tão próxima!

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