quarta-feira, 19 de setembro de 2012

DE ONIBUS E DE IGREJAS

Ônibus em si nem sempre salvam. Agilizam a viagem, aproximam ou separam pessoas. Igrejas em si não salvam, mas agilizam, aproximam e separam. Não é o veículo que salva é o ato de entrar nele e de ir com quem sabe conduzi-lo. Condução com motorista eufórico tem mais chance de se espatifar quilômetros adiante. Igrejas também!

É verdade que igrejas, impulsionadas pelo púlpito e pelas práticas que envolvem o fiel, levam para mais perto ou para mais longe de Deus. No ônibus depende muito do condutor e do destino escolhido pelo viajante e nas Igrejas também. Há igrejas para tudo e, se o viajante quiser determinadas garantias, alguém as dará. O púlpito que deveriam encher de esperança, ultimamente enche de certezas absolutas, garantias e promessas vindas diretamente do céu.

Já não importa muito o que Deus disse no passado. Importa o que ele diz hoje ao pregador mais convincente da hora. Não é incomum ouvir pregadores e dizer: “eu lhes garanto” “ eu determino” , tudo , é claro, em nome de Jesus. Como não há selo de qualidade ou de garantia para a pregações, o fiel vai com quem fala mais bonito ou com mais convicção. A verdade, porém não depende de nenhum marketing da fé. Será verdade mesmo que o pregador não consiga reunir mais do que cinquenta fiéis.

Há ônibus bons e ruins e há igrejas boas e ruins. Com enorme facilidade o fiel de uma igreja achará que a outra ou o da outra é ruim. São poucos os que conseguem admirar e elogiar outros iluminados e outras igrejas. Agem como o passageiro que acha seu ônibus melhor porque é maior e leva mais gente, ou porque é o mais novo da praça; critérios errados, porque ônibus velhos e mal cuidados enguiçam e ônibus novos também batem e ferem. Outra vez depende do condutor e da manutenção.

Um olhar arguto sobre o que se passa nas pregações entusiasmadas e emocionadas ou serenas de agora levaria o estudioso da fé a conclusões nada lisonjeiras sobre a maioria dos que hoje sobem ao púlpito ou empunham microfones no rádio ou na televisão. E cabe qualquer pregador, a começar comigo, seja ele pouco ouvido ou famosíssimo, perguntar-se de quem ele é porta-voz.

Quando fala traduz o pensamento de sua Igreja ou projeta apenas o seu? O pregador que deu data e local para os próximos milagres portou sua voz, mas não a de Deus nem a de sua igreja. Nenhuma igreja que se preze dá dia, local e hora para Deus operar algum prodígio. Faltou ler Jonas, aquele da baleia!…


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