terça-feira, 19 de outubro de 2010

Ser fiel a Jesus, hoje, é também fazer o contrário daquilo que se atribui como dito por Jesus....

Um homem de alta posição perguntou-lhe:
“Bom Mestre, que devo fazer para herdar a vida eterna?”
Jesus lhe respondeu: “Por que me chamas bom? Ninguém é bom senão Deus.
Conheces os mandamentos:


não cometerás adultério,
 não matarás,
não roubarás,
não levantarás falso testemunho,
honrarás pai e mãe”.


Ele respondeu: “Tenho observado tudo isso desde a minha juventude”.
Ouvindo estas palavras, Jesus lhe disse:
“Uma coisa ainda te falta: vende tudo o que tens, dá aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois vem e segue-me.”

     Esse texto do Evangelhista Lucas (Lc 18,18-23) nos leva à um questionamento sobre a esmola. E é sobre esse assunto que o título desse post vem falar.

    No tempo de Jesus, a esmola era um meio pelo qual as pessoas mais privilegiadas tinham para diminuir, vamos dizer assim, seus pecados, suas injustiças. Dar esmolas redimia pecados.
     Quando uma pessoa, naquela época, dava uma esmola ou doava todos seus bens, ela se fazia irmão, o próximo, dos pobres. Se sentia na mesma condição deles. Mas não se importava em ajudar coletivamente, mas individualmente. Não se tinha a preocupação de mudar uma sociedade.
     Hoje, também somos chamados a dar esmolas. Mas esses gestos de caridade não nos tornam irmãos das pessoas que ajudamos, mesmo que esses atos sejam recheados de boas intenções.
     Devemos meditar no seguinte questionamento: Quem dá a esmola e quem recebe a esmola não estão no mesmo nível. É por isso que, ser fiel, hoje, à Jesus não seria fazer, praticamente, o contrário daquilo que se atribui como dito por Jesus, no texto estudado?
     Não basta dar esmolas, mas precisamos contribuir para transformar a sociedade atual. Transformá-la numa sociedade mais justa, mais humana. Uma sociedade que dê condições para que as pessoas se tornem verdadeiramente humanos, mais irmãos.
     Não se trata apenas de ser fiel a uma palavra bíblica (dar esmolas), mas sim de sermos cristãos em uma estrutura econômica diferente, tempos diferentes.
     Para continuar o questinamento sobre esse tema tão facinante, quero propor algumas perguntas para meditação no tema: como ser cristão nos dias de hoje:
  • Quais são, para nós, as características dos pobres de hoje?
  • Vemos ações possíveis para a luta contra a injustiça de nossa sociedade?
  • Estamos engajados numa ação de transformação da sociedade? Com que meios?
  • Qual é nosso próprio “status” econômico e social? O poder econômico e social que temos, a posição social que ocupamos nos aproximam mais dos exploradores ou dos explorados?
  • Vemos uma coerência possível entre nossa situação econômica e social, nossas opções políticas e a leitura que fazemos do Evangelho?
  • A palavra do Cristo: “Uma coisa te falta: vai, vende o que tens e dá-o aos pobres e terá um tesouro nos céus; vem e segue-me” pode ter um sentido concreto e possível para nós, hoje? Qual?
Baseado no livro: Jesus e as estruturas de seu tempo. Émile Morin. São Paulo:Paulus.1988. Para comprar: Loja virtual da Editora Paulus

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