Esta é uma tentativa do Padre Paulo Ricardo de explicar a eleição de Maria por parte do Senhor.
Uma das primeiras coisas que surgiu com o pecado foi o medo de Deus. Adão e Eva desobedeceram a Deus e se esconderam atrás do arbusto. A primeira consequência do pecado é nos vermos Deus como um agressor. A gente acha que Deus veio para ser um desmancha prazeres e isso é típico do pensamento de Satanás. Ele queria ser original e Deus veio acabar com a festa dele. O homem, também marcado pelo pecado original, tem medo de Deus e passa a vê-lo como um agressor. A gente tem medo de dizer para Deus: eu assino em branco, eu faça aquilo que quiser. Esse é o nosso caminho da nossa santificação. Só existe santificação seu assinar uma folha em branco na minha vida e disser: Deus, escreve você, que eu não sei o que escrever. A gente assina e Ele preenche.
Para isso acontecer, nós temos que ser dóceis e a gente tem medo de Deus. Pessoas devotas, senhoras da intercessão, diante de doenças, não querem assumir que estas podem fazer parte da vontade de Deus. A gente não sabe. Quem de nós suspeitaria que Deus iria se manifestaria na Cruz? Quem de nós suspeitaria que a vontade de Deus se manifestaria numa pobre menina de um vilarejo escondido na periferia do mundo chamado Nazaré? Quem de nós faria assim? Diga amém para a vontade de Deus. A pessoa resiste, porque vê Deus como um agressor, vê a vontade de Deus como uma agressão. A pessoa resiste e não se deixa modelar e porque ela não se deixa modelar, Cristo não nasce no coração dela. Mas uma mãe, já é mais aceitável, porque a figura da mãe já é mais aceitável. Não é porque o pai seja ruim, mas, por causa do pecado original, porque Deus é Pai, Satanás, sabendo que Deus é Pai, colocou em nós toda essa revolta e medo de nos entregarmos ao Pai. Mas Deus passou a perna em Satanás e nos deu uma mãe para nos entregarmos a ela, para que ela nos entregue a Ele.
Nós somos medrosos, nos aproximamos da cruz com medo, temos medo do futuro, do que Deus reservou para nós, da vontade de Deus para nós. Eu estou aqui confessando meu pecado para que você reconheça isso também em você. Nós temos medo de dizer amém para Deus. Nós temos medo do que Deus reservou para nós. Nós que temos medo de dizer amém para Deus, digamos amém para a Mãe. Esse é o método que Deus escolheu. Então ela nos modela, com jeitinho de mãe vai nos mudando e dizendo: meu filho, para de resistir, aceita, é para o seu bem. Quantas vezes, quando crianças nós esperneamos para receber uma injeção. Com o jeitinho dela, vai dizendo: aceita, tenha coragem, se entrega, é para o seu bem. Com o jeitinho da Mãe, é o método pedagógico de Deus, é o seu caminho para nos salvar. Só existe Salvação quando dizemos: “seja feita a Vossa vontade, assim na terra como no Céu”. Aceitar a vontade de Deus em tudo e por tudo, só esse é o caminho da Salvação, mas como é que vamos assinar esse cheque em branco e entregar na mão de Deus? Como vamos ser dóceis, se nós sentimos uma agressão quando Ele revela o seu desígnio bendito e glorioso para nós? Pois este desígnio se apresenta para nós muito duro e crucificado. Nós nos assustamos com isso e tratamos Deus como inimigo.
Nós precisamos da Mãe, não porque Deus seja mau, a bondade de Deus é infinitamente maior do que a bondade de Maria! Mas, acontece que somos marcados pelo pecado original e nos assustamos com essa bondade infinita. Então, Deus, na sua bondade, usa uma mulher, para que esse filho assustado se acalme. Acalmado por ela nos rendemos a Ele. Assim como Maria foi Mãe do Cristo Salvador, ela precisa ser Nossa Mãe na ordem da graça. Ela é a Mãe na ordem da graça, ou seja, quando a graça de Deus age em nós, age através de Maria. São Luís Maria diz, no seu Tratado da Verdadeira Devoção, que Nossa Senhora é o molde, o modelo, o exemplo, ela se configurou a Cristo e, como ela, devemos nos entregar totalmente a Jesus Cristo.
Este é a quinto artigo de uma série, retirados de palestras do Padre Paulo Ricardo no I Consagra-te de Cuiabá, em 2011. O primeiro post teve como tema “Como ser fiel a Jesus Cristo?”, o segundo post foi intitulado “Como ter a têmpera dos mártires?” o terceiro, Maria, o molde perfeito de Jesus Cristo, e o quarto, “Qual é a diferença entre Lúcifer e a Virgem Maria?“.
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