A espiritualidade dos namorados também poderá ser um fator relevante para as tomadas de decisões.
Convivemos com algumas pessoas que professam espiritualidades diferentes da nossa e com as quais consideramos possuir um bom nível de relacionamento. Ainda assim, podem acontecer pequenas discussões a respeito daquilo que um ou outro acredita acerca de uma “verdade”. Mas, como colegas, sabemos que aquilo que mantém o relacionamento em comum é a amizade, o trabalho, a diversão, entre outras coisas fundamentadas no respeito mútuo e na prudência; especialmente, quando as conversas tocam nos respectivos valores morais ou dogmas defendidos pelos amigos.
Entretanto, essas diferenças podem ser um desafio a mais quando a pessoa se descobre encantada por alguém que professa uma outra religião, pois de um lado estão os valores de sua profissão de fé e do outro o sentimento que acredita completar seu ser.
Viver o compromisso de uma vida a dois com alguém que professa um outro credo é uma questão que pode trazer algumas dificuldades para o casal no futuro. Todas as outras diferenças de comportamento ou hábitos são passíveis de adaptações e de mudanças, mas quando se trata da questão de doutrina e fé, imagino que nenhum dos casais queira fazer concessões e abrir mão daqueles valores que fazem parte da sua educação. Assim, a espiritualidade dos namorados também poderá ser um fator relevante para as tomadas de decisões.
É interessante perceber que, na maioria das vezes, as pessoas que levantam tais preocupações são aquelas que buscam a fidelidade nos exercícios de sua fé. Para elas, talvez, a espiritualidade do namorado seja uma das primeiras coisas que gostariam de saber a respeito. Outras, entretanto, que apenas se dizem pertencer a uma denominação cristã ou crença religiosa, certamente, não vão considerar a religiosidade uma questão relevante a ponto de interferir no relacionamento.
É claro que ninguém vai fazer um debate religioso logo no primeiro encontro, mas se o relacionamento manifesta sinais de ficar sério, tocar nos pontos significativos para o casal será uma boa ideia; e quanto mais cedo, melhor.
Os encontros religiosos promovidos para os fiéis têm como objetivo aproximar e fortalecer o conhecimento destes por meio de estudos e discussões, visando ampliar seus horizontes sobre o conhecimento de sua fé. Todavia, para isso acontecer entre casais de credos diferentes vai significar a renúncia da fé por parte de um dos dois. E quem, entre eles, estaria disposto a ser catequizado depois de adulto na fé do(a) namorado(a)?
Seja o casal fervoroso na sua fé ou não, o fator “religiosidade” é um assunto que não se restringe apenas a eles. Quase sempre, namorar alguém que vive uma outra espiritualidade pode causar inesperadas implicações para os familiares e amigos próximos. As famílias dos namorados percebem tais dificuldades quando se deparam com as práticas e os ritos estabelecidos pela espiritualidade vivida por aquele que está chegando à família, como por exemplo, na celebração dos dias comemorativos, nos ritos fúnebres, batizados, casamentos, entre outros. Para algumas pessoas certas manifestações religiosas podem parecer um insulto à sua profissão de fé. Esses impasses podem ser, também, um obstáculo para o crescimento do relacionamento.
Quanto menores as diferenças, tanto maiores são as chances de adaptações e progressos em nossos convívios. Algumas vezes, a diferença das práticas dos cultos religiosos é superada quando um resolve se converter à fé do outro; outros preferem aprender a aceitar a diferença permanecendo cada um na sua fé. Todavia, imaginemos o futuro dos filhos que hão de vir dessa união. Em qual religião essa criança será catequizada? Pois de certa maneira, tanto o namorado quanto a namorada acreditam que sua opção de fé seja a melhor para educar a criança.
Se acreditamos que a nossa felicidade depende de nossas escolhas, então procuremos fazê-las com bastante cuidado e zelo para que maiores sejam as oportunidades de alegria dentro de nossos relacionamentos.
Um abraço
Dado Moura
http://dadomoura.com/
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